A imagem acima é um recorte da obra Le Moulin de la Galette, do artista francês Pierre-Auguste Renoir.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Jenny Holzer

Boa tarde pessoal.
Estou postando aqui um texto que eu e a Carol fizemos para o nosso seminário sobre a artista americana Jenny Holzer.
Foi um pouco difícil achar as coisas sobre ela, em português, então talvez isso ajude aqueles que se interessarem. =]
E quem quiser saber um pouco mais é só entrar em contato que eu envio o fichamento que fiz como estudo, pois nele dou maior detalhes sobre cada aspecto da obra dela. O nosso e-mail está no primeiro posto do blog, mas pra quem não viu o meu é annyccarvalho@hotmail.com, lembrem-se só de colocar no assunto que é sobre 
o blog. 
Espero que gostem.


Jenny Holzer


Jenny Holzer é uma importante artista contemporânea Norte Americana, nascida em 1950 no estado de Ohio, EUA. Freqüenta vários cursos de verão envolvendo artes e cursa a Graduação em Artes pela Universidade de Ohio. Começa a sua produção artística exclusivamente com textos quando se muda para Nova York em 1977, onde propõe uma discussão sobre como a arte é recebida pela sociedade de consumo e sobre o papel que as regras sociais desempenham no relacionamento entre as pessoas, tendo em vista a influência crescente dos meios de comunicação em massa.
O trabalho de Holzer está intimamente ligado com as palavras, porém ela não produz literatura, já que toda a sua produção não passa por nenhuma edição, pelo contrário são expostos e podem ser vistos e lidos por cada um de forma particular, com as palavras ela pode se comunicar de uma maneira que a pintura, por exemplo, não possibilita. Sobre sua produção é possível analisar que possui forte carga poética, social e até mesmo política, trata de temas como: sexo, morte, poder, guerra, feminismo, amor e individualidade.


Sua primeira produção chamada Truisms (truísmos) [1], é uma série de aforismos de forte impacto, fixados em postes, colados em cabines telefônicas e impressos em camisetas, com frases como: “Proteja-me do que eu quero” ou “falta de carisma pode ser fatal”, sempre de forma anônima. Somente mais tarde passa a utilizar locais de comunicação mais imediatas com o público, quando é convidada a expor no Times Square, a partir daí começa a inserir suas obras em gigantescos painéis de LED e projeções luminosas pelo cenário urbano, que mostra que sua arte não está atrelada a um suporte específico, e dessa forma promove o encontro de Arte-Mídia, que até então era utilizado quase que unicamente para fins publicitários/comerciais. Com isso outras questões surgem no seu trabalho como: a aproximação do público com a arte ao ser retirada das galerias para o espaço urbano; a possibilidade de serem confundidas com mensagens institucionais ou de serviço público; e assim a mudança de seu significado quando fora do contexto habitual.
Seus textos e mensagens funcionam como comentários ao meio em que se inserem e procuram estimular a capacidade de atenção ao condicionamento social dos indivíduos, as pessoas são confrontadas com frases de forte carga simbólica, e pode ser comparada como uma espécie de voz divina que se traduz numa atitude manipuladora, pois obriga o espectador a olhar para dentro 
de si e enfrentar seus medos e angustias, tornando-a assim uma obra de intromissão violenta no espaço íntimo e secreto de cada indivíduo.
Suas obras mais significativas são as de intervenções urbanas, que consistem em gigantescas projeções que explora as cidades, seus espaços, muros, parques e mobiliários que se tornam assim o suporte de sua obra. A inserção dessas obras no espaço urbano amplia as possibilidades do discurso e a interseção entre a esfera pública e privada.
A maioria dos textos utilizados por Holzer são de sua autoria, mas a artista também se apropria de frases encontradas em portas de banheiros, anúncios publicitários, placas de caminhão, cartazes lambe-lambe e muitos outros, para depois reproduzi-las com um novo sentido, como arte.
Não só de projeções se constituem as obras de Jenny, ela também expõem em espaços fechados, que é o caso de uma importante exposição chamada Mother and Child (mãe e filha) produzida em 1990, que se constitui de painéis eletrônicos verticais de duas cores, onde um texto corre em direções opostas além de frases inseridas no chão e nos bancos espalhados pela exposição, a obra é um dialogo entre a sensibilidade e o carinho de uma mãe para com a frieza e violência do mundo, é importante ressaltar que esses textos possuem relação com a vida da artista já que foram escritos após o nascimento de sua primeira filha, como comenta Holzer, esta obra representa todos os medos e aflições de tudo o que pode acontecer na relação de uma mãe e um filho.
Em 1990 a artista ganha o prêmio do Leão de Ouro na Bienal de Veneza pelo melhor pavilhão da exposição, com sua obra central The Venice Room, onde painéis eletrônicos de forma simétrica e incontrolável reproduziam acúmulo de frases em 6 idiomas diferentes.
Outra exposição de destaque se chama Lustmord produzida em 1996, onde Holzer mostra um trabalho mais orgânico, apresentando uma composição de 312 ossos variados com frases inscritas em anéis de prata e em um painel horizontal de led âmbar, é uma obra perturbadora em que a atração e a repulsão coabitam no espectador com grande intensidade.
Em 1998 Holzer passa a se utilizar da internet para expor suas palavras, que se dá com a série chamada Please Change Beliefs (Por favor, mude suas crenças), onde são inseridas online várias afirmativas provocantes, como: “amar os animais é uma atividade substituta”, ou “o assassinato tem seu lado sexual”, e cada frase pode ser selecionada, gerando outra frase, tornando assim a web outro local público para sua divulgação.
Jenny Holzer roda o mundo com suas obras, apresentando-as em diversos países. No Brasil fez três visitas, a primeira no ano de 1998 no Rio de Janeiro, onde a artista traduziu seus truísmos para o português, que foram estampados 
em portas de táxis, bancas de jornal, outdoors e em centenas de mensagens que espalhou por endereços eletrônicos da cidade. Volta ao país em 1999 utiliza mais uma vez a projeção para exibir seus escritos agora nos locais que servem de cartões postais da cidade carioca como o Arpoador e no Pão de Açúcar. Desse modo as montanhas que cercam as praias servem de suporte natural às reflexões da artista, que foram projetadas durante três dias nas encostas que vão do Morro da Urca ao Dois Irmãos. Nessa segunda viagem realizou também uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil com o titulo de Protect Me From What I Want (proteja-me do que eu quero), onde são apresentadas varias séries da artista como a instalação que foi exposta na Bienal de Veneza (Mother and Child), sua série orgânica (Lustmord), uma gigantesca instalação na rotunda de CCBB, conferências, projeções nas montanhas do Rio de Janeiro, e mostra de vídeo. A partir dessa exposição foi produzido um documentário sobre as obras da artista com a direção de Marcello Dantas, também curador da exposição, que teve o cuidado de traduzir tudo para o português a fim de permitir a mais ampla compreensão do público.


Já na terceira viagem ao Brasil vai para São Paulo na qual retoma seus truísmos, onde expõe em 31 painéis eletrônicos pela cidade, cinco emissoras de TV, três estações de rádio e pela internet, através de spams[2].
A obra de Jenny Holzer revela um aspecto intimista, pois ao se deparar com essas obras o sujeito espectador é obrigado a olhar para dentro de si e refletir, e por ser frases simples e de fácil entendimento, assim o público que a artista atinge é muito grande. Dentre toda a sua produção a que é mais bem compreendida pelo público é a série de truísmos, pois são clichês e máximas de qualquer sociedade.
Sua produção não é um confronto gratuito ou exercício de linguagem, mas uma reflexão do que a artista sente. Em um depoimento ela diz que se interessa por coisas simples, regulares e simétricas, e por seus textos serem incontroláveis ela sente uma necessidade de ordem e simetria em sua apresentação, o que se tornou padrão por onde passa. A palavra é o elemento principal de sua obra, suas mensagens são escritas em outdoors, placas luminosas, painéis eletrônicos, projeções em prédios públicos, usa pôsteres e cartazes, lugares normalmente ocupados pelas mensagens publicitárias, ou seja, trabalha com o domínio público, de forma que estimula uma mistura visual de arte e mídia. Isso mostra o quanto seu trabalho faz parte do mundo real, acessível a qualquer pessoa.




[1] Truísmo: Verdade banal, evidente, sem alcance


[2]Spams - mensagens enviadas por e-mail para um numero grande de pessoas, de forma indiscriminada e sem autorização. 







Referências bibliográficas:

ARCHER, M., Arte Contemporânea – Uma História Concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001

RUSH, M. Novas mídias na arte contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2006

LAMONIER, Lucas. Pereira.Junior. Publicidade e Artes Plásticas: a utilização da mensagem do Código e dos Veículos Publicitários pelas Obras de Arte. Rio de Janeiro, XIV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste, 2009





Documentário sobre Jenny Holzer gravado no Rio de Janeiro, 1999. Dirigido por Marcello Dantas.











Anny Carvalho




Um comentário:

Anônimo disse...

quero deixar esse comentário para agradecer,pois necessitava muito de algo sobre Jenny Holzer para o meu trabalho escolar.E com esse site consegui até mais que o necessário continuem com esse trabalho por que ele pode ajudar muitas outras pessoas.
PARABÉNS POR REALIZAREM ESSA TAREFA QUE MESMO SENDO DIFÍCIL VOCÊS CONSEGUIRAM REALIZAR.:)